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segunda-feira, 29 de abril de 2013



Primeiros comentários do EASL 2013

Estou em pleno congresso europeu de fígado que está sendo realizado até domingo na Holanda.  Como sempre adianto minha primeira impressão e deixo para a próxima semana no regresso ao Brasil para analisar com calma e cuidados as apresentações, para poder filtrar o que for marketing de dados científicos.

Existem novidades, mas os dados finais parece que estão sendo guardados para apresentação no congresso americano no final do ano. Algumas pesquisas, já na fase 3 dos ensaios clínicos são muito promissórias, em especial na possibilidade de se dispor em um relativo curto espaço de tempo tratamentos para hepatite C livres de interferon, totalmente orais.

É necessário alertar que em pesquisas com seres humanos podem acontecer imprevistos, em geral nessa fase três quando milhares de pessoas são incluídas nos ensaios podem surgir problemas com a segurança da droga, a eficácia, a resistência viral ou interações com outros medicamentos.

Um exemplo disso está acontecendo com o Sofosbuvir que prometido ano passado como um revolucionário medicamento livre de interferon, com percentagens de cura de 100% hoje é observado que nos casos de pacientes difíceis de tratar deverá ser utilizado combinado com o interferon peguilado. O custo do Sofosbuvir será outro grave problema, ele será extraordinariamente caro. Combinado com outros medicamentos orais em fases de pesquisa parece que poderá ser um tratamento oral livre de interferon, mas nesse caso o custo será ainda mais caro.

Pessoalmente aposto minhas fichas nos medicamentos pesquisados pela Abbott (serão comercializados pela Abbvie) como um futuro tratamento sem interferon.  Os resultados na fase 2 do estudo Aviator com mais de 500 pacientes no ensaio clínico são extraordinários.  Com somente 8 semanas de tratamento oral combinando três medicamentos com a ribavirina em pacientes nunca antes tratados infectados com o genótipo  1 da hepatite C obtiveram 88% de possibilidade de cura e no tratamento de 12 semanas a cura chegou a 96% e, mais impressionantes são os resultados em pacientes nulos de resposta a um tratamento anterior com interferon peguilado que são considerados os mais difíceis de tratar, entre os quais a cura foi de 93% em 12 semanas de tratamento.

O fantástico é que o resultado é o mesmo em pacientes com alta ou baixa carga viral, com qualquer grau de fibrose, com qualquer resultado do IL28B e com qualquer subtipo do genótipo 1, seja 1-a ou 1-b, isso significa que não mais serão necessários exames de carga viral ou biopsias para realizar o tratamento.

Isso vai implicar em mudanças enormes no paradigma do tratamento da hepatite C.  Será um grave problema para o governo, pois milhares irão querer ser tratados, será um problema para os médicos especialistas, pois qualquer clínico geral poderá tratar a hepatite C já que praticamente não existem efeitos adversos graves e com exames simples, como o hemograma o tratamento pode ser acompanhado. Os atuais especialistas continuarão ocupados, mas cuidando dos casos mais avançados de cirrose e suas complicações.

Felicidade total será a dos infectados já que se tudo correr sem problemas na fase 3 do ensaio clínico, já em andamento recrutando 2.600 pacientes no mundo todo, passarão a ter um tratamento simples que poderá ser realizado por milhares de médicos até no mais escondidos municípios do interior do país.

OK, ainda temos três dias de congresso, muita coisa ainda por ver.  Temos outros medicamentos, como o tratamento oral com o Faldaprevir da Boerhinger que também apresenta excelentes resultados e comentarei na próxima semana..


sábado, 27 de abril de 2013


A hepatite C é uma doença inflamatória do fígado, causada por um vírus denominado VHC (vírus da hepatite C).

·         EXISTE VACINA PARA HEPATITE C?






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Um pouco sobre as hepatites
Hepatite A
O que é? A hepatite A é uma doença hepática aguda causada pelo vírus da hepatite A (vírus HVA), que pode durar de algumas semanas a vários meses e não está relacionada à infecção crônica. Aincidência desta doença é maior nos locais com saneamento básico deficiente ou ausente. Uma vez infectada, a pessoa desenvolve imunidade contra este vírus por toda a vida.
Transmissão: é transmitida por via oral-fecal, ou seja, pela ingestão de fezes contaminadas mesmo em quantidades microscópicas, por contato direto (pessoa para pessoa) ou através de água ou alimentos contaminados.
Vacinação: a vacinação contra hepatite A é recomendada para todas as crianças e deve ser administrada a partir do primeiro ano de vida. Também é recomendada para pessoas que vivem ou viajam para certos locais de alto risco para hepatite1 A, pessoas com exposição profissional ao vírus, pessoas com doença hepática crônica, coagulopatias e usuários de drogas.

Hepatite B
O que é? A hepatite B é uma doença hepática inflamatória causada pelo vírus da hepatite B (vírus HBV), a severidade varia desde formas leves, durando algumas semanas (forma aguda), até longos períodos de doença (forma crônica) que pode estar associada a outras doenças hepáticas ou ao câncer de fígado.
Transmissão: é transmitida por contato com sangue contaminado, sêmen e outros fluidos corporais de alguém infectado, agulhas ou instrumentos cirúrgicos contaminados. Pode ocorrer passagem dovírus de uma mãe contaminada ao recém-nascido durante o parto (transmissão vertical).
Vacinação: a vacina contra a hepatite B é recomendada para todas as crianças e adolescentes que não tenham sido vacinados previamente e para adultos em risco para infecção pelo vírus da hepatiteB, tais como politransfundidos, pacientes submetidos à diálise, profissionais da saúde, contactantes domiciliares com portador crônico, parceiro sexual de portador crônico, usuários de drogas injetáveis, pessoas de vida sexual promíscua, imigrantes de áreas endêmicas.

Hepatite C
O que é? A hepatite C é uma doença hepática causada pelo vírus da hepatite C (vírus HCV). Algumas vezes resulta em uma infecção aguda, mas na maioria dos casos torna-se uma condição crônica que pode estar relacionada à cirrose hepática ou ao câncer de fígado.
Transmissão: contato com sangue de uma pessoa contaminada.
Vacinação: não há vacina para prevenir a hepatite C.

Hepatite D
O que é? É uma doença hepática grave causada pelo vírus da hepatite D (vírus HDV), o qual precisa do vírus da hepatite B para se replicar, ou seja, a infecção por este tipo de vírus só ocorre em pacientes que já tenham sido infectados pelo vírus da hepatite B.
Transmissão: contato com sangue contaminado. É muito semelhante ao contágio da hepatite B.
Vacinação: não há vacina para prevenir a hepatite D.

Hepatite E
O que é? É uma doença hepática causada pelo vírus da hepatite E (vírus HEV), que geralmente resulta em uma infecção aguda, produz inflamação e necrose no fígado. Não está relacionada à infecçãocrônica. A hepatite E ocorre mais comumente em países com saneamento básico deficiente. A infecção confere imunidade permanente contra a doença.
Transmissão: a transmissão do vírus é fecal-oral. Ocorre através da ingestão de água (principalmente) e alimentos contaminados. A transmissão direta de uma pessoa para outra é rara.
Vacinação: não há, até o momento, vacina contra a hepatite E
22/04/2013 


O que é anemia?


Anemia é a diminuição dos glóbulos vermelhos, os quais são os responsáveis para transportar oxigênio pelo corpo. O nível da anemia é medido pela concentração da hemoglobina que é a proteína que proporciona a cor vermelha do sangue. 

A anemia provoca cansaço, mesmo que se tenha dormido bem ou a pessoa não sente ter a energia para as atividades normais. 

Os sintomas variam podendo incluir: 

Fraqueza; sensação de desmaio; pele pálida; falta de apetite; tontura; cansaço; sono; indisposição; dor de cabeça; unhas fracas; pele seca; queda de cabelo; falta de ar; palidez nas mucosas dos olhos e boca; falhas na memória; dormência ou frieza nas mãos e pés, baixa temperatura corporal e dificuldades na concentração 

As pessoas com anemia têm menos oxigênio no sangue, o que significa que o coração tem que trabalhar mais para bombear oxigênio suficiente provocando problemas cardíacos relacionados, como arritmia (um ritmo cardíaco anormal), falta de ar e dor no peito 

Diferenças entre a anemia normal e a anemia durante o tratamento da hepatite C 

Mulheres e pessoas com doenças crônicas têm maior risco de anemia. Quando as mulheres perdem sangue em períodos menstruais podem apresentar anemia. Gravidez também provoca alterações no volume de sangue de uma mulher que pode resultar em anemia. Doenças crônicas, como doença renal podem afetar a capacidade do corpo de produzir células vermelhas do sangue. Uma dieta pobre em ferro, ácido fólico ou vitamina B12 também aumenta o risco. E alguns tipos de anemia são hereditários, mas tudo isso é considerado como casos normais de anemia. 

Já durante o tratamento da hepatite C é a ribavirina que provoca anemia, mas é uma anemia diferente, chamada de anemia hemolítica. Por ser uma anemia causada pelo medicamento, alimentação ou suplementos de ferro não causarão efeito algum para combatê-la, até pelo contrario, tomar suplementos de ferro chega a ser prejudicial, podendo provocar dores nas articulações. O tratamento, quando o nível de hemoglobina passa a ser preocupante é realizado com o medicamento eritropoetina. Em casos mais graves uma transfusão de sangue pode ser necessária. 

Alguns infectados em tratamento da hepatite C conseguem reduzir a possibilidade da anemia ingerindo vitamina B12 e ácido fólico, mas antes de tomar sempre devem consultar o médico que está cuidando da hepatite. Alimentos de origem animal são fontes de vitamina B12 e o ácido fólico é encontrado em folhas verdes, frutas, feijão e ervilhas. 

Carlos Varaldo
www.hepato.com
hepato@hepato.com 


sexta-feira, 19 de abril de 2013

18/03/2013 


Estudo da prevalência da hepatite C no mundo


A revista "Hepatology" acaba de publicar uma pesquisa que tomando como base 232 estudos consegue estimar a estimativa de infectados com hepatite C no mundo. 

No mundo o número de infectados é de 185 milhões de indivíduos. 

As regiões com maior prevalência, com estimativa de 3,5% da população infectada se encontram na parte Central e Leste da Ásia, no Norte da África e no Oriente Médio. 

As regiões do Sul e Sudeste da Ásia, a África Sub-saariana, Central e Sul América, Caribe, Oceania, Austrália e a Europa Oriental e Ocidental é estimada uma prevalência média, entre 1,5% e 3,5% da população infectada. 

Para os Estados Unidos é estimada uma prevalência baixa, de menos de 1,5%. 

No Brasil a estimativa de prevalência estimada pelos pesquisadores é de 2,3 milhões de infectados com hepatite C. 

Concluem os pesquisadores que a elevada prevalência da infecção pela hepatite C exige novos e maiores esforços dos gestores da saúde pública para reduzir a carga da doença hepática crônica e para melhorar a sobrevivência daqueles já infectados. 

São 10 páginas em inglês, de interesse de todos os interessados no enfrentamento da epidemia que podem ser acessados emhttp://www.hepato.com/p_epidemiologia/epidemiologia_global.pdf


Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Global Epidemiology of Hepatitis C Virus Infection: New Estimates of Age-Specific Antibody to HCV Seroprevalence - Khayriyyah Mohd Hanafiah, Justina Groeger, Abraham D. Flaxman, and Steven T. Wiersma - Hepatology, 2013;57:1333-1342. 


Carlos Varaldo
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hepato@hepato.com 


quinta-feira, 18 de abril de 2013


www.isaude.net
Publicado em 21/02/2011 às 11h30:00
Sociedade Brasileira de Hepatologia quer criar dia da Síndrome Metabólica
Para SBH, existe uma preocupação com o problema da esteatose hepática, pois ainda não é uma doença muito conhecida
Foto: Texto & Cia/Assessoria de Comunicação

Raymundo Paraná, Presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia
A Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH) pretende criar um dia de combate à síndrome metabólica conjunto de fatores de risco para desenvolver doenças cardiovasculares, do sistema endócrino e do fígado. Para o presidente da SBH, Raymundo Paraná, existe uma preocupação especial com o problema da esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado), porque ainda não é uma doença muito conhecida.
Segundo Raymundo Paraná, a tendência genética aliada a maus hábitos alimentares e ao sedentarismo fazem com que a incidência da doença chegue a 20% entre a população dos Estados Unidos. E acredita que o número seja semelhante no Brasil.
Inicialmente a esteatose não tem sintomas, mas o especialista alerta que em cerca de 15% dos casos o problema se agrava. " Muda esse comportamento benigno e passa a agredir o fígado de uma forma muito semelhante à causada pelo álcool" , explicou. Ao longo do tempo a doença pode evoluir para cirrose hepática.
Por isso, o médico quer unir forças com as sociedades de cardiologia e endocrinologia e criar um dia específico para conscientizar a população sobre a síndrome metabólica, mau que origina enfermidades tratadas pelas três especialidades." Se nós conseguirmos ter as três especialidades reunidas em um único dia de alerta nós vamos poder alcançar a população com informação, que é a melhor arma para combater essa doença" , afirmou.
O presidente da SBH lembrou ainda que é necessário dar uma atenção especial às crianças. " O número de crianças com esteatose hepática é muito maior do que a gente via algum tempo atrás" . Situação que Paraná atribui à dieta com grande consumo de gorduras e açucares e ao sedentarismo propiciado pela televisão e por videogames.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

15/04/2013 


Efeito do estresse na progressão e no tratamento da hepatite


Qualquer tratamento demorado, como é o caso das hepatites, causa ansiedade e stress.


O sistema imunológico do corpo humano é um verdadeiro combatente, protegendo as pessoas contra doenças e impedindo que viroses e bactérias assumam o controle e arruínem nossa saúde. Mas um inimigo contra o qual o sistema imunológico nem sempre pode lutar de forma eficiente é o estresse. 

Estudos mostraram que o sistema imunológico trabalha enfraquecido quando está sob o efeito do estresse, tornando o corpo mais vulnerável a resfriados, viroses e outras doenças, e ainda respondendo menos ao efeito dos medicamentos. Uma pesquisa mostrou que situações graves de estresse ampliam em seis vezes a chance de sobreviventes de câncer de mama terem uma reincidência. 

Especialmente em pessoas adultas, o estresse parece exercer um papel mais importante, mas, até para os mais jovens, há boas provas de que ocorrências de resfriados e gripes podem ser intensificadas por relativamente pequenas situações estressantes da vida. 

Quando as pessoas estão estressadas, pequenas alterações na função imunológica podem realmente diminuir as possibilidades de cura da hepatite. O estresse pode provocar a liberação do hormônio chamado ACTH pela glândula pituitária. Esse hormônio acaba por estimular a glândula supra-renal a liberar outro hormônio, chamado cortisona, que adere às células do sistema imunológico que estão lutando contra doenças, dificultando seu trabalho. 

Os estresses de longo prazo, como os relacionados a processos de divórcio ou à lembrança de acontecimentos traumáticos ou durante no longo período de tratamento da hepatite podem debilitar muito a capacidade do corpo de enfrentar a infecção. 

Lamentavelmente são raros os médicos que acreditam que o estado mental pode influir numa doença e na recuperação do paciente. A relação entre mente e corpo é considerada por alguns médicos como se o estresse e a depressão fossem um território exclusivo da psiquiatria. Grave engano por parte deles. 

Se você tem se sentido estressado, tente relaxar e esquecer os problemas, faça uma caminhada, respire fundo e pausadamente, procure um amigo para uma conversa descontraída, vá ao shopping ou ao cinema, leia um livro ou uma revista. Porém, se sentir necessidade, não hesite em falar com o seu médico ou procurar ajuda especializada. 

Fale com seus familiares e amigos sobre o problema que está enfrentando. As pessoas não podem ler a sua mente. Não está escrito na sua cara que você está com hepatite. O apoio da família e dos amigos torna a luta mais fácil. Procure grupos de apoio a portadores de hepatite. Em sua cidade, deve existir algum. Caso contrário, tente formar um grupo com outros portadores. Conversar com alguém que está passando pelo mesmo problema pode ajudar muito a ambos. 

Procure, se necessário, apoio psicológico ou espiritual. Procure a sua igreja ou ingresse em uma. Está provado cientificamente que orar ou meditar é altamente relaxante e reconfortante, e que ativa as defesas do organismo. Procure qualquer tipo de religião, mas procure sempre aquela que dê paz e conforto espiritual para você. Leia livros de auto-ajuda para absorver atitudes e pensamento positivos. 

Carlos Varaldo
www.hepato.com
hepato@hepato.com 


sábado, 13 de abril de 2013




Idas, vindas e desencontros no tratamento no SUS com os inibidores de proteases


Um verdadeiro samba do crioulo doido está acontecendo após a publicação do "Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite Viral C e Co-infecções - Tratamento com inibidores de proteases no SUS".

A rede de tratamento da hepatite que já sofria com carências na capacidade de atendimento encontra-se agora totalmente desnorteada, perdida e até em alguns casos desestruturada, sem saber que caminho tomar.

Ontem em São Paulo durante o 2º Workshop de Hepatites Virais do Instituto de Infectologia Emilio Ribas, Organizado pelo Professor Roberto Focaccia, no qual apesar de ser um evento aberto e amplamente divulgado estávamos presentes somente duas ONGs e assim mesmo realizamos diversas intervenções em defesa dos infectados, estávamos presentes o Grupo Otimismo e o Jeová do Grupo Esperança de Santos numa plateia de mais de 100 especialistas.

Todo o evento foi centrado nos inibidores de proteases, com apresentações dos médicos Fernando Gonçales, Décio Diament, Paulo Abraão, Marcos Caseiro e Kleber Dias do Prado, todos altamente experientes por terem já tratados centenas de pacientes com boceprevir e telaprevir.

O que ficou comprovado é que no Brasil, antes de introdução no SUS já foram tratados uns 1.700 pacientes, praticamente todos por ações judiciais, e que até o momento nenhuma morte aconteceu por culpa "direta" dos inibidores de proteases, ainda, ficou demonstrado que os efeitos adversos relatados são em menor incidência que os constantes nos ensaios clínicos de registro ou os relatados no estudo CUPIC.

A experiência acumulada com o tratamento de 1.700 pacientes colocam os profissionais brasileiros como os mais capacitados dos países emergentes, inclusive de vários países considerados do primeiro mundo ou do grupo dos BRICS. Portanto não dá para entender como o Ministério da Saúde aprova um Protocolo onde colocam que como não existe experiência no tratamento com os inibidores no Brasil e somente alguns poucos centros de referencia com equipe multidisciplinar, centros de internação para emergências, transfusão de sangue, etc., etc., poderão realizar tais tratamentos.

Duvido que o pessoal que fez o Protocolo desconheça a realidade da experiência acumulada dos profissionais brasileiros, então não encontro outra explicação que não seja a de dificultar o acesso ao tratamento limitando a quantidade ofertada.

Pior ainda, colocaram os fluxos de autorizações de tratamento e a logística de distribuição e entrega dos medicamentos dentro do Protocolo, quando o lógico seria colocar isso em Normas Técnicas. Um Protocolo somente deve ter as diretrizes terapêuticas, ser o "guideline" para o tratamento. A burocracia para aprovação, distribuição e outros procedimentos administrativos devem ser feitas por meio de Notas Técnicas, pois ao ser colocadas no Protocolo engessam qualquer alteração ou adequação que tenha que ser realizada. Enquanto uma nova Norma Técnica se faz rapidamente, alterar um Protocolo leva meses. Realmente, o Departamento DST/AIDS/Hepatites extrapolou no uso da caneta e papel, para apresentar um Protocolo de muitas páginas colocou tudo no mesmo caldo, mas a sopa não ficou saborosa, pelo contrario.

Voltando ao evento foi muito interessante o "Painel de Discussão" onde a Dra. Claudia, coordenadora do Programa Estadual de Hepatites apresentou o quadro existente para tratamento com boceprevir e telaprevir no estado de São Paulo. Explicou que para atender as exigências da "Portaria nº 20" do governo inicialmente poderão ser somente alguns poucos centros referenciados (umas duas dúzias) com um quantitativo de pacientes pequeno, alguns esperam atender 20 pacientes e uns poucos chegam a 100 tratamentos, mas o que chamou a atenção deixando a plateia irada foi que como esses centros já se encontram lotados de pacientes somente alguns deles ofereceram vagas para pacientes "externos", isto é, encaminhados de outros centros de saúde ou por médicos particulares, mas a quantidade de vagas para tal pacientes em todo o estado de São Paulo será de somente para 110 tratamentos.

A discussão foi geral. Médicos de hospitais que tratam a hepatite C há anos e que possuem condições e experiência para tratamento da hepatite C foram deixados fora. A Dra. Claudia prometeu que uma revisão seria realizada em aproximadamente 45 dias, mas isso não tranquilizou a plateia.

Questionei se médicos particulares ou médicos de serviços que cuidam dos infectados há anos estarão proibidos de tratar os pacientes com boceprevir e telaprevir. Os pacientes estão confiantes e satisfeitos com o atendimento recebido e não querem mudar de hospitais para serem encaminhados a uma "lista de espera" para essas poucas 110 vagas em todo o estado, formando uma lista de espera e conseqüentemente resultará em judicialização da saúde.

Fiquei satisfeito com a resposta, pois ela informou que esses profissionais poderão, sim, efetuar os tratamentos, mas que deverão solicitar a um dos centros referenciados a aprovação seguindo tudo o exigido no Protocolo. O Comitê Técnico do Centro de referencia, aprovando, passa então a fornecer o medicamento para que o paciente seja tratado por seu médico particular ou no centro de saúde no qual já se encontra.

É uma iniciativa muito boa, mas não sei ainda se isso será uma determinação do estado de São Paulo que sempre esteve na vanguarda no tratamento ou se isso vai ser aplicado em todos os estados do Brasil.

A Dra. Claudia explicou que um grande problema passa a ser a dispensação do boceprevir e telaprevir, pois deverá ser realizada pelo "HÓRUS: Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica", um sistema que complica devido à quantidade de informações que devem ser incluídas.

Novamente a sociedade civil se sente traída pelo Departamento DST/AIDS/Hepatites, pois no ano passado o Dr. Dirceu Greco se comprometeu, por escrito em documento oficial, que no segundo semestre de 2012 os medicamentos para tratamento das hepatites seriam retirados da lista de medicamentos especializados e seriam incluídos na lista de medicamentos estratégicos, passando a ser distribuídos pelo sistema SICLOM, muito mais pratico, rapído e eficiente que o HÓRUS.

Essa exigência das ONGs de hepatites é porque após a dita "integração" das hepatites no programa de AIDS, e já passados quatro longos anos, ainda não aconteceu qualquer igualdade na atenção dada as hepatites quando comparada com a atenção dada a AIDS, não passando de uma ludibriada "incorporação", pois se fosse "integração" a rotina de dispensação de medicamentos deveria ser a mesma para as duas doenças. Se em quatro anos ainda não aconteceu essa simples mudança nas rotinas administrativas fica evidente que os infectados com as hepatites foram enganados pelo Ministério da Saúde, objetivando somente esconder uma epidemia que atinge cinco milhões de brasileiros e que se enfrentada ocasionará gastos ao governo.

País rico pode ser, sim, um país sem miséria, mas para ser verdadeiramente um país rico deve ser também um país sadio, que atende em igualdade seus doentes, seja qual for a sua doença.

Carlos Varaldo
www.hepato.com
hepato@hepato.com

domingo, 7 de abril de 2013


Solidariedade
Solidariedade
A Fundação Hemoba possui 25 unidades por toda a Bahia no intuito de atender à demanda dos hospitais públicos do estado através da rede SUS.
A Unidade Móvel Hemóvel atua em diversos bairros da cidade, bem como em cidades do interior, coletando sangue e fornecendo informações pertinentes à população. A sua agenda pode ser vista no blog fundacaohemoba.blogspot.com.br.
Condições básicas para a doação de sangue:
1- Estar em boas condições de saúde. 
2- Ter entre *16 e 67 anos de idade.
3- Pesar acima de 50 kg.
4- Apresentar documento com foto, emitido por órgão oficial e válido em todo o território nacional.
*É obrigatória a presença do pai, da mãe ou do responsável legal para autorizar a doação de sangue pelo menor de 18 anos.

Antes da sua doação:
1- Nunca vá doar sangue em jejum (sem se alimentar).
2- Você deve ter dormido no mínimo 6 horas.
3- Não deve ingerir bebida alcoólica nas últimas 12 horas.
4- Não deve fumar por pelo menos 2 horas.
5- Evitar alimentos gordurosos nas últimas 4 horas.

Maiores informações: 
(71)3116-5603/21/64 
fundacaohemoba.blogspot.com.br

segunda-feira, 1 de abril de 2013


01/04/2013


Boas novidades para os co-infectados HIV/HCV


Pessoas co-infectadas com AIDS e hepatite C apresentam uma progressão mais rápida no dano hepático e respondem menos que os monoinfectados quando tratadas com interferon peguilado e ribavirina. Mas duas drogas em fases avançadas de pesquisas podem ser uma nova esperança para esse grupo de pacientes.

O Simeprevir (anteriormente TMC435) combinado ao interferon peguilado e ribavirina em tratamento de somente 24 semanas obteve 77% de cura (resposta sustentada) em pacientes nunca antes tratados e em recidivantes. Co-infectados nulos de resposta a um tratamento anterior estão ainda no tratamento durante o ensaio, mas aproximadamente 60% estão indetectáveis. Dados finais deverão ser apresentados até o final do ano.

Outro inibidor de proteases, o Faldaprevir (BI 201335) da empresa Boehringer-Ingelheim também parece promissor no tratamento dos co-infectados quando combinado ao interferon peguilado e a ribavirina. Resultados preliminares na semana 12 do tratamento mostram que se encontram indetectáveis 82% dos pacientes nunca antes tratados e 91% dos recidivantes a um tratamento anterior.

Sei que ainda é cedo e arriscado para afirmar que até o final das pesquisas os medicamentos confirmem tais resultados sendo que ainda deverão ser estudadas possíveis interações medicamentosas com drogas em utilização por pacientes em tratamento da AIDS, mas que é uma boa esperança, quanto a isso não resta a menor duvida.

Carlos Varaldo
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hepato@hepato.com

01/04/2013


Uma nova terapia para tratar a hepatite C?


Uma nova droga chamada Miravirsen que está sendo pesquisada e se confirmar os resultados poderá mudar totalmente a forma de tratar a hepatite C. A droga em questão atua através da segmentação do material genético chamado "microRNA-122" do fígado, como o vírus necessita desse RNA para sobreviver e se reproduzir a droga o elimina e indiretamente frustra a replicação viral. A estratégia é toda uma nova abordagem para o tratamento de doença.

Na fase 2-a da pesquisa foram incluídos 36 infectados nunca antes tratados os quais receberam cinco injeções semanais durante 29 dias. Nove recebiam um placebo e 27 recebiam diferentes doses do Miravirsen. Todos os participantes foram monitorados durante 12 semanas após o final do tratamento. Não foram observados efeitos colaterais nem aconteceu qualquer evidencia de resistência viral.

Dos nove que receberam a dosagem mais alta do Miravirsen, quatro se encontravam com o vírus indetectável após o tratamento.

Os que receberam a dosagem menor não conseguiram ficar indetectáveis, assim, fora do protocolo, passaram a receber interferon peguilado e ribavirina após duas semanas do final do tratamento com Miravirsen.

Como o miR-122 normalmente controla os níveis do colesterol de forma independente de seu efeito sobre o vírus da hepatite C, os pacientes tratados apresentaram uma redução do nível de colesterol de 25%, o que durou até 14 semanas após a aplicação do Miravirsen.

Os pesquisadores acham que o Miravirsen poderá ser um excelente medicamento adjuvante para ser utilizado em combinação com outros medicamentos para tratamento da hepatite C, aumentado a resposta terapêutica e proporcionando uma redução no tempo da terapia.

MEU COMENTÁRIO

Muito interessante, pois a nova abordagem quebra todos os paradigmas atuais em relação ao enfoque do tratamento.

Sem relação científica entre os medicamentos vejo com otimismo o resultado, pois em certa forma aqueles que já constataram que tomar estatinas para combater o colesterol aumenta a possibilidade de cura da hepatite C parecem estar, por outras vias, no caminho correto nas suas observações.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Treatment of HCV Infection by Targeting MicroRNA - Harry L.A. Janssen, M.D., Ph.D., Hendrik W. Reesink, M.D., Ph.D., Eric J. Lawitz, M.D., Stefan Zeuzem, M.D., Maribel Rodriguez-Torres, M.D., Keyur Patel, M.D., Adriaan J. van der Meer, M.D., Amy K. Patick, Ph.D., Alice Chen, B.A., Yi Zhou, Ph.D., Robert Persson, Ph.D., Barney D. King, M.D., Sakari Kauppinen, Ph.D., Arthur A. Levin, Ph.D., and Michael R. Hodges, M.D. - New England Journal of Medicine - March 27, 2013DOI: 10.1056/NEJMoa1209026


Carlos Varaldo
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01/04/2013


Solicitada no FDA aprovação do Simeprevir (TMC435) pela Janssen


Press release da empresa Janssen Research & Development informa que foi dada entrada no FDA (Food and Drug Administration) organismo que regula os medicamentos nos Estados Unidos do pedido de registro do medicamento Simeprevir (antigo TMC435), um inibidor de protease para tratamento da hepatite C.

Diferentemente dos atuais inibidores Boceprevir e Telaprevir que requerem entre seis e doze capsulas ao dia, o Simeprevir necessita de somente um comprimido ao dia, durante 12 semanas, sempre combinado ao interferon peguilado e ribavirina. A partir da semana 12 o tratamento continua somente com interferon peguilado e ribavirina até completar 24 ou 48 semanas.

Segundo a empresa a solicitação de registro, que também foi feita em 22 de fevereiro as autoridades da saúde do Japão, está baseada nos resultados obtidos nos ensaios clínicos QUEST-1 e QUEST-2 em doentes sem tratamento prévio e no estudo PROMISE realizado com pacientes recidivantes a um tratamento anterior.

No Japão Simeprevir está sendo investigado em combinação com interferon peguilado e ribavirina em ensaios de fase 3 e, também, está sendo avaliada com antivirais de ação direta (DAA) em quatro outros ensaios sem utilização de interferon que se encontram na fase 2, com e sem ribavirina.

A empresa não apresentou os resultados dos ensaios clínicos QUEST-1 e QUEST-2 o que certamente deverá acontecer no final de abril na Holanda, durante o Congresso Europeu, evento no qual estaremos presentes e relataremos imediatamente os resultados.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Press release da Janssen Research & Development, LLC


Carlos Varaldo
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