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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Resultados dos medicamentos "sofosbuvir" e "sofosbuvir/ledipasvir (Harvoni®)" da Gilead apresentados no AASLD 2014 - 15/12/2014



Resultados dos medicamentos "sofosbuvir" e "sofosbuvir/ledipasvir (Harvoni®)" da Gilead apresentados no AASLD 2014 - 15/12/2014
15/12/2014

O tratamento oral da hepatite C com sofosbuvir/ledipasvir (Harvoni®) junto com ribavirina, sem interferon, em 12 semanas de tratamento curou a maioria dos pacientes com cirrose descompensada, pacientes esses com o estágio mais avançado da doença, de acordo com uma apresentação no AASLD 2014 que aconteceu em Boston mês passado. Uma excelente notícia, pois pacientes com cirrose descompensada não podiam ser tratados já que não podem utilizar o interferon.

Um total de 105 pacientes infectados com o genótipo 1 e 3 pacientes infectados com o genótipo 4 da hepatite C, todos com cirrose descompensada receberam tratamento durante 12 ou 24 semanas. Todos receberam ribavirina, pois se acredita que a ribavirina ajuda a reduzir a recidiva após o tratamento. A cirrose descompensada dos pacientes se encontrava conforme o índice Child-Pugh-Turcotte (CPT) nas Classes B ou C. Aproximadamente 60% apresentavam quadro de ascite e 90% encefalopatia hepática, realmente eram pacientes muito difíceis de receber tratamento.

No geral 87% dos que receberam tratamento durante 12 semanas resultaram curados e entre os que receberam 24 semanas de tratamento a cura foi de 89%. A cura foi similar entre os pacientes com índice Child-Pugh-Turcotte (CPT) nas classes B ou C.

Foi comprovado que o tratamento bem sucedido não só cura a hepatite C, mas também foi associada à melhora da função hepática.

Outra apresentação utilizando o mesmo medicamento apresentou os resultados no tratamento de pacientes transplantados de fígado por culpa da hepatite C. O tratamento após o transplante incluiu pacientes com pouca, moderada e elevada fibrose, inclusive já com cirrose no novo fígado.

Dados preliminares referentes a semana 4 após o fim do tratamento de 223 pacientes transplantados tratados, mostram que entre os que apresentavam somente fibrose 96% se encontravam indetectáveis e entre os pacientes com cirrose avançada 92% estavam indetectáveis.

O mais alentador das apresentações tal vez seja o de confirmar na vida real os resultados apresentados nos ensaios clínicos. Estudo retrospectivo realizado em 14 centros médicos do mundo, que já trataram mais de 500 pacientes com a combinação de sofosbuvir/ledipasvir (Harvoni®) infectados com o genótipo 1, que receberam tratamento pela primeira vez ou que já tinham fracassado a um tratamento anterior com interferon, com cirrose compensada, confirma não somente a segurança do medicamento, como comprova que 95% dos infectados resultaram curados da hepatite C.

E para os pacientes co-infectados HIV/HCV também as notícias são excelentes. Um grupo de 50 co-infectados com o genótipo 1 da hepatite C recebeu 12 semanas de tratamento com sofosbuvir/ledipasvir (Harvoni®), sendo 13 pacientes sem tratamento antirretroviral e 37 em tratamento. Entre os co-infectados sem tratamento antirretroviral a cura da hepatite C foi de 100%. Entre aqueles que estavam em tratamento antirretroviral os dados preliminares da semana 4 após o tratamento mostram que 97% se encontravam indetectáveis.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
- S Flamm, GT Everson, M Charlton, et al. Ledipasvir/Sofosbuvir with Ribavirin for the Treatment of HCV in Patients with Decompensated Cirrhosis: Preliminary Results of a Prospective, Multicenter Study. American Association for the Study of Liver Diseases (AASLD) Liver Meeting. Boston, November 7-12, 2014. Abstract 239

- Ledipasvir/Sofosbuvir with Ribavirin for the Treatment of HCV in Patients with Post Transplant Recurrence: Preliminary Results of a Prospective, Multicenter Study K. Rajender Reddy, Gregory T. Everson, Steven L. Flamm, Jill M. Denning, Sarah Arterburn, Theo Brandt-Sarif, Phillip S. Pang, John G. McHutchison, Michael P. Curry, Michael Charlton. Abstract 8

- An Integrated Safety and Efficacy Analysis of +500 Patients with Compensated Cirrhosis Treated with Ledipasvir/Sofosbuvir with or without Ribavirin - Marc Bourlière, Mark S. Sulkowski, Masao Omata, Stefan Zeuzem, Jordan J. Feld, Eric Lawitz, Patrick Marcellin, Robert H. Hyland, Xiao Ding, Jenny C. Yang, Steven J. Knox, Phillip S. Pang, Mani Subramanian, William T. Symonds, John G. McHutchison, Alessandra Mangia, Edward J. Gane, K. Rajender Reddy, Masashi Mizokami, Stanislas Pol, Nezam H. Afdhal - Abstract 82

- High Efficacy of Sofosbuvir/Ledipasvir for the Treatment of HCV Genotype 1 in Patients Coinfected With HIV on or off Antiretroviral therapy: Results from The NIAID ERADICATE Trial - Kerry S. Townsend, Anu Osinusi, Amy K. Nelson, Anita Kohli, Chloe Gross, Michael A. Polis, Phillip S. Pang, Mohammad M. Sajadi, Mani Subramanian, John G. McHutchison, Henry Masur, Shyam Kottilil - - Abstract 82
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Resultados do esquema de tratamento "3D" com o medicamento "VIEKIRA PAK®" da Abbvie apresentados no AASLD 2014 - 15/12/2014



Resultados do esquema de tratamento "3D" com o medicamento "VIEKIRA PAK®" da Abbvie apresentados no AASLD 2014 - 15/12/2014
15/12/2014

O medicamento oral, livre de interferon, da empresa Abbvie, de nome comercial "VIEKIRA PAK®" também chamado esquema de tratamento "3D" é uma combinação de quatro drogas, ABT-450, ritonavir, ombitasvir e dasabuvir para ser administrado junto, ou não, a ribavirina.

O FDA dos Estados Unidos deverá estar aprovando o medicamento ainda em 2014. Estudos de ensaios clínicos apresentados no congresso da associação americana de fígado, o AASLD 2014, que aconteceu mês passado em Boston demonstram a eficácia e segurança do medicamento.

Os estudos clínicos PEARL-IV, SAPPHIRE-I e SAPPHIRE-II, incluíram 1.060 infectados com o genótipo 1, pacientes nunca antes tratados ou não respondedores, com ou sem cirrose, que receberam tratamento com a combinação 3D combinada, ou não, com ribavirina. Os pacientes sem cirrose receberam tratamento de 12 semanas e os pacientes com cirrose 24 semanas de tratamento.

Em pacientes sem cirrose a cura foi semelhante entre os pacientes nunca antes tratados ou naqueles que fracassaram a um tratamento anterior utilizando interferon, chegando a 95,7% nos que combinaram o 3D com ribavirina e a 90,2% naqueles que receberam o 3D sem ribavirina.

No grupo de pacientes com cirrose que receberam 24 semanas de tratamento combinado com ribavirina a cura atingiu 90,6%.

Os pacientes infectados com o genótipo 1 sem cirrose e não respondedores a um tratamento anterior, considerados "nulos" de resposta, isto é, aqueles que na semana 24 do tratamento com interferon tiveram que abandonar o tratamento com interferon porque ainda se encontravam com o vírus positivo são considerados pacientes muito difíceis de tratar. 209 desses pacientes foram incluídos nos estudos SAPPHIRE-II ou PEARL-II e tratados com o esquema 3D combinado ou não com ribavirina, obtendo uma taxa de cura total de 95,7%.

Em 380 pacientes com cirrose (Child-Pugh A) incluídos no estudo TURQUOISE-II, infectados com o genótipo 1, o tratamento 3D combinado com ribavirina, de 12 ou 24 semanas de duração a cura foi conseguida por 91,8% dos que receberam tratamento de 12 semanas e por 95,8% dos tratados durante 24 semanas.

Em transplantados de fígado nos quais o vírus da hepatite C voltou a atacar o fígado, infectados com o genótipo 1 que após o transplante ainda não tinham recebido qualquer tratamento antiviral incluídos no estudo CORAL-I foram tratados como esquema 3D e 97% obtiveram a cura da hepatite C em 12 semanas de tratamento. Nos pacientes que tomavam ciclosporina e tracolimus para evitar a rejeição do novo fígado foi necessário adaptar a dosagem devido a interações medicamentosas.

Muito interessante uma analise retrospectiva das fases 2 e 3 dos estudos SAPPHIRE-I e II, PEARL-II , III, e IV, TURQUOISE-II e AVIATOR, M14-103 que comparou a possibilidade de cura e os efeitos colaterais de pacientes com mais de 65 anos de idade com aqueles com menos de 65 anos que receberam tratamento da combinação 3D com ou sem ribavirina, encontrando que não existe diferença entre os pacientes idosos e os com menos de 65 anos, ambos os grupos com similares possibilidades de cura e com a mesma possibilidade de algum efeito colateral ou adverso.

Os efeitos colaterais que o tratamento 3D pode ocasionar são leves e acontecem em menos de 10% dos pacientes e incluem dor de cabeça, fadiga, náuseas, cansaço, insônia, diarreia e coceira. Entre aqueles que receberam também ribavirina foi observada a anemia.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
- TURQUOISE-II: Regimens of ABT-450/r/Ombitasvir and Dasabuvir With Ribavirin Achieve High SVR12 Rates in HCV Genotype 1-Infected Patients with Cirrhosis, Regardless of Baseline Characteristics - Michael W. Fried, Xavier Forns, Nancy Reau, Heiner Wedemeyer, Mitchell L. Shiffman, Angeles Castro, David J. Mutimer, Samuel S. Lee, Roger Trinh, Sandra S. Lovell, Leticia Canizaro, Marcos Pedrosa, Thomas Berg - AASLD 2014 - Abstract 81

- Integrated Efficacy Analysis of Four Phase 3 Studies in HCV Genotype 1a-Infected Patients Treated with ABT- 450/r/Ombitasvir and Dasabuvir With or Without Ribavirin - Gregory T. Everson, Geoffrey Dusheiko, Eoin Coakley, Stephen D. Shafran, Fabien Zoulim, Moises Diago, Bradley Freilich, Ravi Ravinuthala, Suzanne Norris, Junyuan J. Xiong, Roger Trinh, Tolga Baykal, Yan Luo, Mark S. Sulkowski - AASLD 2014 - Abstract 83

- SVR12 Rate of 95.7% in 209 HCV Genotype 1-Infected Null Responders Treated With ABT-450/r/Ombitasvir and Dasabuvir With or Without Ribavirin - Ira M. Jacobson, Jean-Francois J. DuFour, Jeffrey Enejosa, Robert J. de Knegt, Peter Ferenci, Hendrik Reynaert, Adrian M. Di Bisceglie, Lois Larsen, Tolga Baykal, Lino Rodrigues-Jr, Thomas Podsadecki, Donald M. Jensen, Fred Poordad - AASLD 2014 - Abstract 1934

- Safety of ABT-450/r/Ombitasvir + Dasabuvir With or Without Ribavirin in HCV Genotype 1-infected Patients ?65 Years of Age: Results From Phase 2 and 3 Trials - Steven L. Flamm, Edward J. Gane, Jean-Francois J. DuFour, Vinod Rustgi, Vincent G. Bain, Darrell H. Crawford, Pietro Andreone, Tarek Hassanein, Wlodzimierz W. Mazur, Sandra S. Lovell, Barbara Da Silva-Tillmann, Nancy Shulman, Massimo Puoti, Terry D. Box, Ira M. Jacobson - AASLD 2014 - Abstract 1969
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Acompanhando o andamento do registro e incorporação dos medicamentos sofosbuvir, simeprevir e daclatasvir - 15/12/2014



Acompanhando o andamento do registro e incorporação dos medicamentos sofosbuvir, simeprevir e daclatasvir - 15/12/2014
15/12/2014

Dá gosto ver como ANVISA e Ciência e Tecnologia estão trabalhando. Já foi solicitado aos fabricantes de sofosbuvir, simeprevir e daclatasvir para efetuar o registro de venda ao público. Em geral esse preço é muito similar ao preço de venda em outros países. Esse preço é comparado com o preço negociado para fornecer ao governo e, quanto maior o desconto, mais fácil fica a aprovação para incorporação ao SUS. A análise do processo, conforme prometido na audiência está correndo de forma rápida.

A empresa Abbvie solicitou prioridade para o medicamento "VIEKIRA PAK®" conhecido como esquema de tratamento "3D" que utiliza a combinação de ABT-450 - ritonavir - ABT-267 e o ABT-333 com ou sem ribavirina. Inicialmente a solicitação foi indeferida, mas por ordem judicial a ANVISA aceitou a prioridade. Prioridade não significa aprovação e sim uma apreciação mais rápida, tendo a ANVISA para uma primeira análise da documentação 75 dias de prazo. Estimo que quando da primeira exigência para o medicamento "VIEKIRA PAK®"os medicamentos sofosbuvir, simeprevir e daclatasvir já deverão estar aprovados pela ANVISA e em processo avançado de análise na CONITEC para a incorporação ao SUS.

O medicamento"VIEKIRA PAK®" deverá ter a incorporação ao SUS apreciada em 2015 junto com o Harvoni® de Gilead e provavelmente com o "TRIO" da BMS, isso se os preços desses medicamentos resultam inferiores aos tratamentos orais em apreciação, quando então poderão entrar em um adendo no protocolo de tratamento e passaremos a dispor de até seis medicamentos no SUS.

A ordem judicial não interfere na análise dos três medicamentos cujos processos estão em andamento, não alterando nem modificando o processo atual de analise dos três medicamentos. Comenta-se que o objetivo é atrasar o atual processo, mas conhecendo muito bem a histórica trajetória ética da Abbvie não acredito que seja uma manobra para atrasar o atual andamento da apreciação do sofosbuvir, simeprevir e daclatasvir já que se isso acontecer e os pacientes forem prejudicados, a gritaria dos infectados, médicos e gestores será prejudicial a imagem da Abbvie com um resultado desastroso para a empresa.
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