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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Resultados atualizados do tratamento com Telaprevir



Resultados atualizados do tratamento com Telaprevir
30/06/2014

Em 25 de novembro do ano passado divulgamos dados parciais do tratamento de infectados com o genótipo 1 da hepatite C e avançado dano hepático (F3 e cirrose) com o Telaprevir. Agora, foram divulgados os dados finais e o resultado surpreende pela quantidade de pacientes que obtiveram a cura. O avanço no conhecimento do tratamento esta conseguindo resposta terapêutica superior aos ensaios clínicos realizados para a aprovação do medicamento.

Pacientes com cirrose ou fibrose F3 avançada são os que possuem a menor possibilidade de cura, inclusive com os medicamentos orais livres de interferon que estão em fases finais de pesquisas, por isso são os chamados pacientes difíceis de tratar.

Foram tratados 1.078 pacientes, sendo 552 com fibrose F3 e 526 com cirrose compensada. Antes do tratamento todos apresentavam neutrófilos acima de 1.500 mm3, hemoglobina acima de 12 g/dl, albumina acima de 3,3 g/dl e plaquetas acima de 90.000.

A resposta sustentada, considerada a cura da hepatite C, por continuarem indetectáveis ao vírus após 24 semanas do final do tratamento foi a seguinte:

- No total de todos os pacientes, 57% obtiveram a cura da hepatite C;

- Nos pacientes com fibrose F3 que nunca antes tinham recebido tratamento antiviral a cura foi de 68%;

- Nos pacientes com fibrose F4 (cirrose) que nunca antes tinham recebido tratamento antiviral a cura foi de 62,8%;

- Nos pacientes que já realizaram um tratamento com interferon peguilado e ribavirina e após esse tratamento recidivaram o vírus, a cura com o Telaprevir foi de 72% entre os que apresentavam fibrose F3 e de 64,4% entre os com cirrose;

- Entre os pacientes respondedores parciais a um tratamento anterior a cura foi de 55% nos pacientes com fibrose F3 e de 53,2% naqueles com cirrose;

Nos pacientes respondedores nulos ao tratamento anterior, isto é, aqueles que nunca conseguiram negativar o vírus, ao serem retratados com Telaprevir a cura foi de 34% entre os que se encontravam com fibrose F3 e de 28,6% entre os que estavam com cirrose.

Concluem os autores que o tratamento com Telaprevir combinado ao interferon peguilado e ribavirina em pacientes com fibrose avançada ou já com cirrose é um tratamento seguro que apresenta excelentes possibilidades de cura da hepatite C.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Sustained Virological Response with Telaprevir in 1078 Patients With Advanced Hepatitis C: The International Telaprevir Access Program. - Colombo M, Strasser SI, Moreno C, Ferreira PA, Urbanek P, Fernández I, Abdurakmonov D, Streinu-Cercel A,Verheyen A, Iraqi W, DeMasi R, Hill A, Lonjon-Domanec I, Wedemeyer H.- J Hepatol. 2014 Jun 16. pii: S0168-8278(14)00400-0. doi: 10.1016/j.jhep.2014.06.005. 



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Mais um mito derrubado?



Mais um mito derrubado?
Pesquisa mostra que o vírus da hepatite C contribui para evitar a rejeição do fígado transplantado
30/06/2014

Pesquisa publicada em "Science Translational Medicine" realizada no IDIBAPS-Hospital Clínic de Barcelona, King's College de Londres e CIBEREHD-Centro de Investigación Biomédica en Red de Enfermedades Hepáticas y Digestivas, constatou que nos pacientes infectados pela hepatite C que realizam o transplante de fígado, o vírus não aumenta o risco de rejeição do novo órgão e, em alguns casos até facilita a adaptação do sistema imune ao novo fígado.

Estudando o porquê alguns pacientes em situação estável após o transplante podiam eliminar o uso de imunossupressores os pesquisadores eliminaram gradualmente os medicamentos imunossupressores em 34 pacientes e observaram que em 17 deles, após 12 meses desse tratamento, foi possível eliminar totalmente a utilização dos medicamentos imunossupressores. A função hepática se encontrava estável, sem apresentar sinais de rejeição.

Concluem os pesquisadores que o descobrimento contradiz a noção segundo a qual a infecção pelo vírus C pode provocar a rejeição do novo fígado. Em realidade eles encontraram que a hepatite C pode ajudar a desenvolver tolerância do organismo ao novo órgão.

Finalizam os pesquisadores afirmando que são necessários novos estudos para confirmar o achado.

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
HCV-Induced Immune Responses Influence the Development of Operational Tolerance After Liver Transplantation in Humans - Felix Bohne, María-Carlota Londoño, Carlos Benítez, Rosa Miquel, Marc Martínez-Llordella, Carolina Russo, Cecilia Ortiz, Eliano Bonaccorsi-Riani, Christian Brander, Tanja Bauer, Ulrike Protzer, Elmar Jaeckel, Richard Taubert, Xavier Forns, Miquel Navasa, Marina Berenguer, Antoni Rimola, Juan-José Lozano, and Alberto Sánchez-Fueyo - Sci Transl Med 25 June 2014: Vol. 6, Issue 242, p. 242ra81 - Sci. Transl. Med. DOI: 10.1126/scitranslmed.3008793 



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domingo, 22 de junho de 2014

Tratando a hepatite C em 2016

23/06/2014 


Tratando a hepatite C em 2016


Por culpa dos efeitos colaterais e adversos do interferon com sintomas semelhantes aos da gripe o tratamento da hepatite C é complicado. O interferon provoca baixa das plaquetas, queda dos glóbulos brancos, depressão, irritabilidade, problemas nas tiroides, entre outros problemas e, os efeitos da ribavirina provocando importante anemia exigem um médico especialista para administrar o tratamento. Um médico especialista não somente sabe como cuidar dos efeitos colaterais e adversos, mas principalmente os poderá diagnosticar antecipadamente evitando que sejam de tal gravidade que possam colocar em risco o tratamento ou a vida do paciente. 

Durante os 10 anos em que o interferon peguilado e ribavirina reinavam soberanos assim foi o tratamento. Em 2011/2012 com a chegada dos inibidores de proteases boceprevir e telaprevir as possibilidades de cura no genótipo 1 aumentam, mas em contrapartida provocam efeitos adversos de maior intensidade e gravidade, tornando o tratamento ainda mais complicado para médicos e pacientes. 

Com a chegada do sofosbuvir e do simeprevir o tratamento da hepatite C necessita ainda do interferon peguilado e da ribavirina, continuando obrigatoriamente a ser realizado por hepatologistas, gastroenterologistas e infectologistas devidamente capacitados. Médicos de atenção primaria ou não especialistas evitam tratar a hepatite C e, também, os pacientes fogem de médicos sem o devido conhecimento do tratamento e seus efeitos adversos . Os médicos especialistas são em número insuficientes para atender o número de novos infectados que estão sendo diagnosticados e, ainda, de cuidar todos aqueles que não responderam ao tratamento. 

Com a chegada dos medicamentos de uso oral e livres do interferon continuará o tratamento em mãos dos médicos especialistas ou, médicos de atenção primaria com algum conhecimento do tratamento da hepatite C poderão cuidar dos infectados? 

A introdução dos medicamentos orais livres de interferon estará iniciando uma nova era no acesso ao tratamento. Não especialistas passarão a tratar os infectados. É importante incentivar esses profissionais os capacitando com informações corretas sobre o tratamento. 

Os novos tratamentos provocam um mínimo de efeitos colaterais e raramente efeitos adversos graves. Certamente um médico de atenção primaria, com a devida especialização poderá tratar de infectados que apresentem fibrose mínima ou moderada, mas pacientes com doença avançada ou com outras complicações deverão continuar sendo atendidos pelos especialistas atuais. 

Será necessário separar os pacientes, uma espécie de triagem, e fluxos de encaminhamento deverão ser estabelecidos pelas autoridades da saúde e os consensos médicos. Um infectado com fibrose mínima é muito diferente a um paciente com cirrose. O infectado com fibrose mínima ou moderada é somente um paciente com um vírus no organismo que até o momento não prejudicou seu estado de saúde, mas um paciente que já chegou a cirrose é um paciente com sua saúde comprometida e portanto deverá ser cuidado e tratado por um hepatologista ou gastroenterologista ou por infectologista que tenha se especializado no tratamento dos problemas do fígado. 

Um exemplo que mostra tal possibilidade de tratamento por médicos de atenção primaria acontece nos infectados com o HIV. Com o tratamento atual de poucas pílulas por dia e com poucos efeitos colaterais, infectados com boa condição clínica estão sendo tratados por clínicos e médicos de atenção primaria, coisa impossível de pensar duas décadas atrás, mas os novos medicamentos permitem dessa forma ampliar a oferta de tratamento. 

Os novos medicamentos para tratamento da hepatite C encurtam o tratamento, de 48 semanas para somente 12 (em poucos casos serão necessárias 24 semanas de terapia) e já existem pesquisas para tratamentos de somente 4 semanas ou no máximo 6 semanas. Estamos frente a uma revolução no tratamento, uma realidade que deve ser aceita e para tal o sistema de saúde deverá rapidamente se adequar. 


Carlos Varaldo
www.hepato.com
hepato@hepato.com

sexta-feira, 20 de junho de 2014

O que tem em comum a aprovação dos novos medicamentos para tratamento da hepatite C com a Copa do Mundo de Futebol?



19/06/2014 


O que tem em comum a aprovação dos novos medicamentos para tratamento da hepatite C com a Copa do Mundo de Futebol?


Assim como está acontecendo na Copa do Mundo o resultado de um partido pode mudar totalmente o favoritismo de um time (vide a Espanha) favorecendo os adversários. Situação similar está acontecendo na corrida dos diferentes fabricantes dos medicamentos livres de interferon para ganhar o campeonato em primeiro lugar, para o qual é necessário obter o mais rapidamente possível a autorização de comercialização. 

Vamos então recapitular o que aconteceu nas últimas semanas, com movimentos e noticias que se na sua grande maioria são boas, algumas podem ocasionar pequenos atrasos na chegada de algum dos novos medicamentos. 

O campeonato dos medicamentos é jogado no que podemos considerar três grandes arenas, que são as principais agencias reguladoras dos medicamentos, temos o FDA nos Estados Unidos, a EMEA na Comunidade Européia e a Japanese Regulatory Submission do Japão. Cada agencia trabalha com rotinas próprias para apreciação quando da submissão da solicitação por parte das empresas, motivo pelo qual surpresas quanto às aprovações surgem todos os dias. 

O FDA é a agencia dos Estados Unidos e por se tratar do maior mercado é a que apresenta o maior numero de solicitações de autorizações para comercialização dos medicamentos. No momento estão em analise do FDA as seguintes solicitações de comercialização: 

- Sofosbuvir-Ledipasvir - Gilead - Submetida para apreciação em 7 de abril de 2014 e já foi marcada pelo FDA a data de apreciação, que acontecerá em 10 de outubro de 2014. 

- Daclatasvir-Asunaprevir - Bristol -Myers Squibb - Submetida para apreciação em 7 de abril de 2014. 

- Regime 3D - AbbVie - Submetida para apreciação em 22 de abril de 2014. 

- Simeprevir-Sofosbuvir - Janssen - Submetida para apreciação em 7 de maio de 2014. 

- Faldaprevir - Boehringer Ingelheim - Submetida para apreciação em 6 de março de 2014, mas, ontem, 18 de junho Boehringer Ingelheim reavaliou sua estratégia na hepatite C e como resultado a empresa decidiu não avançar nesta área terapêutica. Existindo hoje várias novas opções de tratamento orais livres de interferon e por ser o Faldaprevir um tratamento que precisa ser utilizado junto ao interferon peguilado foi considerado pela empresa que já não existiria mercado. 

O FDA já marcou para outubro a reunião que vai tratar da aprovação da combinação oral livre de interferon da GILEAD (Sofosbuvir-Ledipasvir), sendo estimado que a seguir o FDA esteja apreciando as outras solicitações, algumas provavelmente ainda em 2014. Se aprovadas todos os medicamentos chegarão ao mercado em 2015. 

No Japão a Japanese Regulatory Submission, assim, como na Comunidade Europeia, as agencias validaram a solicitação da AbbVie para o regime todo oral "3D" e passarão a ser apreciadas em regime rápido. Se aprovadas muito provavelmente o medicamento estará em comercialização no primeiro trimestre de 2015, até mesmo antes que nos Estados Unidos. 

No Reino Unido o NICE, que é o órgão que autoriza a incorporação dos medicamentos no sistema público de saúde do país, ao analisar a incorporação do Sofosbuvir disse que a orientação é a de "não recomendar" imediatamente a incorporação, solicitando dados adicionais a Gilead, alegando que a evidencia disponível mostra que o Sofosbuvir é um tratamento eficaz em alguns pacientes, mas faltam dados consistentes em relação a determinados grupos de infectados. Gilead informou que estará fornecendo as provas solicitadas imediatamente mostrando a efetividade em todos os infectados. 

Cabe destacar que no Reino Unido o NICE autorizou a compra de 500 tratamentos com Sofosbuvir enquanto aguarda os dados adicionais solicitados, para serem utilizados na forma "compassiva" naqueles pacientes mais graves. 

Pessoalmente acredito que outros países estarão realizando exigências adicionais como as da NICE, não que o Sofosbuvir esteja em questionamento quanto a sua eficácia, mas muitos governos tentarão ganhar tempo antes de incorporá-lo aos sistemas públicos devido ao preço exorbitante do Sofosbuvir, preço que certamente estará caindo com a chegada dos fabricantes concorrentes, em 2015. Uma estratégia valida para o orçamento da saúde que resulta em desespero para os infectados que necessitam de forma urgente do medicamento como última opção. 

Vamos então acompanhar a Copa do Mundo (Argentina e Brasil na final) e ao mesmo tempo os jogos dos medicamentos nas agencias reguladoras.