Primeiros comentários do AASLD 2012


12/11/2012
Estou  em pleno congresso de fígado em Boston, o AASLD 2012, com quase 10.000  participantes.  Como é tradicional  nas próximas semanas, a partir de meu regresso no dia 18, estarei enviando  artigos sobre o que considero mais interessante das diversas apresentações, mas  não podia deixar de fazer alguns comentários sobre o que já observei nos três  primeiros dias do congresso.
HEPATITE  B:
As  novidades na hepatite B são referentes a melhorias nos tratamentos atuais  confirmando dados de pacientes em tratamento por seis anos, os quais continuam  com carga viral indetectável, sem criar resistência viral e, ainda, melhorando o  estado do fígado. Também existem dados muito bons no tratamento combinado de  interferon peguilado com tenofovir ou entecavir. Mas pouca coisa existe no  horizonte em relação a novos medicamentos para um futuro  próximo.
HEPATITE  C:
Já  na hepatite C as novidades são otimistas e ao mesmo tempo preocupantes. 
Otimistas  porque existem muitos medicamentos em fase três que apresentam resultados  assombrosos, curando praticamente 100% dos pacientes em todos os genótipos,  muitos deles tratamentos orais sem interferon, medicamentos esses que se tudo  correr sem problemas nas pesquisas alguns deles poderão chegar ao mercado a  partir de 2014 ou mais provavelmente em 2015.  Mas cuidado, pois até não finalizarem as  pesquisas ninguém pode afirmar com segurança quando realmente esses medicamentos  estarão realmente disponíveis.
Falei  que são novidades preocupantes porque se observa que alguns médicos e pacientes  estão deixando de tratar o genótipo 1 da hepatite C aguardando a chegada desses  medicamentos que ainda se encontram nas fases de pesquisas.  Realizar o tratamento hoje com os  inibidores de proteases é realmente complicado, devido aos efeitos colaterais e  adversos, mas com o tratamento atual existe uma considerável e real  possibilidade de cura.
Ninguém  possui uma bola de cristal para adivinhar como vai progredir a doença em cada  paciente ou, quando chegarão os novos medicamentos, quais serão os efeitos  adversos ou quanto será o preço, que certamente serão muito  caros.
Os  infectados com o genótipo 1 e elevado dano hepático devem discutir amplamente  com o medico sobre a conveniência de tentar tratar agora ou aguardar os novos  medicamentos.  O médico vai explicar  o que poderá acontecer se não tratar e o que poderá acontecer se tentar um  tratamento agora com os inibidores de proteases.
Então  será o paciente quem deverá decidir se trata imediatamente ou se aguarda pelos  novos medicamentos, decisão essa de total responsabilidade do paciente, uma  decisão pessoal de foro intimo.  O  médico não poderá ser culpado se a decisão der errada.
Na  minha opinião pessoal, se esse fosse meu caso, se eu estivesse infectado com  genótipo 1 e a minha fibrose fosse F3 avançando para uma cirrose, ou se já  estivesse com cirrose, eu tentaria neste momento o tratamento com os inibidores  de proteases já que a possibilidade de cura é respeitável.  Fracassando, então terei uma nova  oportunidade com a chegada dos novos medicamentos.  Bom, esse é meu pensamento, pois não sou  de deixar passar uma oportunidade, aquela que temos hoje.
Até  semana próxima
Carlos Varaldo
Grupo  Otimismo
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