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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Quem vai ter imediata e melhor atenção no tratamento da hepatite C por parte dos governos?

Quem vai ter imediata e melhor atenção no tratamento da hepatite C por parte dos governos?
19/10/2014

Existem três grupos lutando para conseguir prioridade de melhor atenção no tratamento da hepatite C. Um dos grupos é formado por aqueles que somente estão infectados com hepatite C, outro é o grupo dos co-infectados com HIV (AIDS) e hepatite C e, os usuários de drogas injetáveis infectados com hepatite C formam um terceiro grupo de pressão. Cada um desses grupos lutam para chamar a atenção e assim conseguir serem atendidos naquilo que mais o afeta diretamente, recebendo prioritariamente ações de diagnostico, cuidados e tratamento com os novos medicamentos.

Nas ultimas semanas participei como convidado de dois encontros para discutir com esses grupos específicos formas de atuação no "advocacy". O primeiro encontro foi em Oxford com o objetivo de procurar ações para prevenção e tratamento da hepatite C entre usuários de drogas injetáveis e, a seguir, em Madrid para discutir o mesmo tema, porém focado em pacientes co-infectados com HIV e hepatite C.

Nessas duas reuniões aprendi muito sobre como devem lutar os infectados com hepatite C, aprendi que devem ser pragmáticos nos seus objetivos para tentar conseguir o mais rapidamente possível aquilo que hoje está ao alcance da medicina.

Observo que quem esta tomando a dianteira na discussão sobre propostas de ações para tratamento da hepatite C são os co-infectados e os usuários de drogas injetáveis. Merecem aplausos o pensamento e objetividade dos co-infectados e grupos de usuários de drogas, assim, eles estarão conseguindo por parte dos governantes maior atenção muito antes que os mono infectados.

Como exemplo, existem no mundo 33 milhões de infectados com HIV (AIDS) e 170 milhões infectados com hepatite C, sendo os co-infectados estimados entre 4 e 8 milhões, mas esse número bem menor grita em tom mais alto que os mono infectados.

Entendo que na Europa e Estados Unidos a droga é utilizada de forma injetável, fato que em Latino América praticamente não é forma de utilização, o que evita a transmissão da hepatite C, entendo também que os co-infectados possuem experiência de luta pelos seus direitos por que também estão infectados com HIV, mas fica difícil entender por que os grupos de mono infectados com hepatite estão passivos, calados, sem lutar ou reivindicar os novos tratamentos livres de interferon, ficando esperando que os governos tenham a boa vontade de disponibilizá-los.

É interessante observar que enquanto alguns grupos de monoinfectados com hepatite C estão se mobilizando pela quebra de patente ou licenciamento compulsório, os grupos de co-infectados ou usuários de drogas injetáveis lutam para conseguir imediatamente os medicamentos que já existem. Sabendo que existindo quatro fabricantes esses grupos querem logo os novos tratamentos e não esperar meses ou anos discutindo uma quebra de patente, sabem também que existem quase duas dúzias de novos medicamentos em fases avançadas das pesquisas e que se hoje um país quebra uma patente vai ter somente um desses medicamentos, que ficará rapidamente ultrapassado por medicamentos melhores que estarão chegando ao mercado. Não são contra utilizar medicamentos genéricos que venham ser fabricados, mas agora, imediatamente, sabem que é mais rápido utilizar o que já está sendo fabricado e assim evitar milhares de mortes.

O pragmatismo dos grupos de co-infectados e usuários de drogas injetáveis é o caminho mais rápido para que os infectados com hepatite C recebam a devida atenção por parte dos governos. Pessoalmente sempre defendi que existindo três ou quatro medicamentos é mais rápido e pratico negociar preços (como de forma inteligente o fez o Brasil) e não dar ouvidos a associações de pacientes que paralisadas no tempo falam na quebra de patentes.
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