Nem sempre a culpa é do fígado
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Você
extrapola no pernil, exagera na maionese e abusa do álcool. No dia seguinte,
ao acordar com a sensação de que foi atropelado, já dá o diagnóstico: é o
fígado.
E tome chazinho de boldo e remédio
"hepático". Mas o fígado, provavelmente, não é o responsável pelo
incômodo sentido. Ele costuma sofrer em silêncio. É isso, aliás, o que mais
preocupa os médicos da área: "O indivíduo pode passar anos desenvolvendo
uma hepatite (como a alcoólica ou a causado por vírus) e não manifestar
sintomas. Muitas vezes, quando a doença é descoberta já se transformou em
cirrose", diz Hugo Cheinquer, professor de gastroenterologia e
hepatologia da faculdade de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul.
Os
efeitos da ceia de Natal não chegam a chamar a atenção dos médicos. "A
chance de você tomar um porre e adoecer do fígado é mínima. Mesmo quando
estamos falando de bebedores contumazes, nem todos são acometidos pela
hepatite alcoólica. Os ocasionais, menos ainda", diz Mario Kondo,
professor adjunto de gastroenterologia da Universidade Federal de São Paulo.
A comida, então, passa longe das preocupações desses médicos. "Não tem
um alimento que machuque o fígado.
O que
pode causar doença é o estilo de vida", diz Cheinquer. Por estilo de
vida ele quer dizer sedentarismo e hábitos que levam à obesidade. Nesses
casos, é possível a pessoa desenvolver um distúrbio chamado esteatohepatite
não-alcoólica, que pode levar a quadros graves, como a cirrose, mas que,
também, é sofrido silenciosamente pelo fígado até manifestar os sintomas.
Portanto, o desconforto causado por um excesso ocasional de comidas
gordurosas ou doces não é uma manifestação do fígado. "Comidas
gordurosas podem fazer a vesícula biliar "reclamar", não o fígado",
explica Kondo. O gosto amargo na boca e a presença de bile no vômito são
manifestações da vesícula. Como a bile é produzida no fígado, é ele quem leva
a culpa.
Cuidado
com os exageros: embora os médicos digam que uma extrapolada de vez em quando
não faz diferença, eles lembram que há um risco, embora mínimo, de uma
hepatite alcoólica aguda, no caso de a pessoa beber uma quantidade
muitíssimas vezes maior do que a habitual. É raro, mas não dá para prever o
limite de cada organismo. No caso do estrago mais comum -a popular ressaca-,
o melhor é "deixar quieto". "O fígado tem uma capacidade de
regeneração especial. Se a pessoa não tiver doenças prévias, ele consegue
refazer suas células sem deixar cicatrizes", conta Cheinquer. Portanto,
repouso, comidinhas leves e muito líquido ainda são os melhores remédios.
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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
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