08/12/2014
Um resumo do congresso da hepatite C em São Paulo
Aconteceu em São Paulo (dias 5, 6 e 7 de dezembro) o Segundo Simpósio Latino-Americano de tratamento Antiviral da Hepatite C: Celebrando a Chegada dos Medicamentos Orais e os 25 anos do descobrimento do vírus HCV, com o tema: É O COMEÇO DO FIM?
Como o nome diz estamos no inicio do fim no paradigma do tratamento da hepatite C com medicamentos injetáveis. Com a chegada do sofosbuvir, simeprevir e daclatasvir, medicamentos de uso oral (e outros a chegar em breve) estamos vivenciando uma das maiores revoluções da medicina. Já de inicio ficam fora de uso o boceprevir e o telaprevir. O interferon peguilado e ribavirina ainda estarão sobrevivendo por algum tempo para serem utilizados em alguns poucos casos específicos.
O congresso, com a participação de nomes do exterior como Jordan Feld (Canadá), Harvey Alter (USA), Charles Rice (USA), Marc Bourliere (Francia), Margaret Hellard (Austrália), Harel Dahari (USA) e Massimo Ghidinelli (OPAS e OMS) contou também com os principais nomes brasileiros da hepatologia e infectologia e o Departamento DST/AIDS/HEPATITES, representado por Marcelo Naveira.
A abordagem dos temas foi altamente científica, se falando de estruturas moleculares, cinética viral, estrutura do vírus, interações medicamentosas e outras tantas coisas que são impossíveis de explicar em termos leigos, mas assim mesmo é possível fazer um resumo daquilo que realmente é de interesse do infectado com hepatite C. Vamos lá:
1 - Não mais será necessário realizar tratamentos de 48 ou 72 semanas, inclusive nos casos em que ainda seja necessário empregar interferon peguilado combinado com um dos novos medicamentos o tratamento será de 12 semanas ou no máximo de 24 semanas.
2 - Ao se empregar a combinação de dois dos novos medicamentos, sem utilização do interferon, a grande maioria dos tratamentos será de 12 semanas, em alguns poucos casos o tratamento poderá ser de 24 semanas.
3 - Em alguns ensaios clínicos a cura chegou a 100%, mas na vida real, quando é tratado todo tipo de paciente não devemos aguardar tal resultado e a cura ficara entre 85% e 97%, exceto nos infectados com o genótipo 3 que já desenvolveram cirrose.
4 - No genótipo 3 a cura na vida real será superior aos 85% ou 90% em 12 semanas de tratamento para pacientes sem cirrose e, entre 65% e 70% para pacientes com cirrose, mas estamos aguardando os resultados de quanto será a cura dos pacientes com cirrose se tratados durante 24 semanas, o que muito provavelmente deverá melhorar o resultado.
5 - No genótipo 2 a cura será superior aos 90% ou 95% em 12 semanas de tratamento.
6 - No genótipo 1 a cura ultrapassa os 85%, chegando aos 95%.
7 - Transplante de fígado: Todo transplantado de fígado por culpa da hepatite C tem o novo fígado atacado, de forma acelerada pelo vírus, mas os novos medicamentos permitem tratar o infectado antes ou após o transplante, conseguindo a cura em percentuais similares aos acima colocados.
8 - Coinfectados com HIV/HCV, com algumas adequações dos medicamentos antirretrovirais utilizados no tratamento do HIV apresentam possibilidade de cura similar aos monoinfectados com somente a hepatite C.
9 - Em todos os genotipos as possibilidades de cura são similares para pacientes que nunca realizaram qualquer tratamento antiviral da hepatite C como para aqueles que fracassaram a um tratamento anterior utilizando interferon em qualquer das combinações atualmente existentes.
10 - Já começam a aparecer os primeiros resultados obtidos na vida real, o que é considerado a fase 4 na segurança dos medicamentos. Esses resultados, alguns contabilizando 2.000 tratamentos, confirmam o que foi mostrado na fase três das pesquisas dos novos medicamentos na possibilidade de cura da hepatite C.
Somos testemunhas do histórico "inicio do
fim" da hepatite C!

Carlos Varaldo
www.hepato.com
hepato@hepato.com
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