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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Um resumo do congresso da hepatite C em São Paulo




08/12/2014
Um resumo do congresso da hepatite C em São Paulo


Aconteceu em São Paulo (dias 5, 6 e 7 de dezembro) o Segundo Simpósio Latino-Americano de tratamento Antiviral da Hepatite C: Celebrando a Chegada dos Medicamentos Orais e os 25 anos do descobrimento do vírus HCV, com o tema: É O COMEÇO DO FIM?

Como o nome diz estamos no inicio do fim no paradigma do tratamento da hepatite C com medicamentos injetáveis. Com a chegada do sofosbuvir, simeprevir e daclatasvir, medicamentos de uso oral (e outros a chegar em breve) estamos vivenciando uma das maiores revoluções da medicina. Já de inicio ficam fora de uso o boceprevir e o telaprevir. O interferon peguilado e ribavirina ainda estarão sobrevivendo por algum tempo para serem utilizados em alguns poucos casos específicos.

O congresso, com a participação de nomes do exterior como Jordan Feld (Canadá), Harvey Alter (USA), Charles Rice (USA), Marc Bourliere (Francia), Margaret Hellard (Austrália), Harel Dahari (USA) e Massimo Ghidinelli (OPAS e OMS) contou também com os principais nomes brasileiros da hepatologia e infectologia e o Departamento DST/AIDS/HEPATITES, representado por Marcelo Naveira.

A abordagem dos temas foi altamente científica, se falando de estruturas moleculares, cinética viral, estrutura do vírus, interações medicamentosas e outras tantas coisas que são impossíveis de explicar em termos leigos, mas assim mesmo é possível fazer um resumo daquilo que realmente é de interesse do infectado com hepatite C. Vamos lá:

1 - Não mais será necessário realizar tratamentos de 48 ou 72 semanas, inclusive nos casos em que ainda seja necessário empregar interferon peguilado combinado com um dos novos medicamentos o tratamento será de 12 semanas ou no máximo de 24 semanas.

2 - Ao se empregar a combinação de dois dos novos medicamentos, sem utilização do interferon, a grande maioria dos tratamentos será de 12 semanas, em alguns poucos casos o tratamento poderá ser de 24 semanas.

3 - Em alguns ensaios clínicos a cura chegou a 100%, mas na vida real, quando é tratado todo tipo de paciente não devemos aguardar tal resultado e a cura ficara entre 85% e 97%, exceto nos infectados com o genótipo 3 que já desenvolveram cirrose.

4 - No genótipo 3 a cura na vida real será superior aos 85% ou 90% em 12 semanas de tratamento para pacientes sem cirrose e, entre 65% e 70% para pacientes com cirrose, mas estamos aguardando os resultados de quanto será a cura dos pacientes com cirrose se tratados durante 24 semanas, o que muito provavelmente deverá melhorar o resultado.

5 - No genótipo 2 a cura será superior aos 90% ou 95% em 12 semanas de tratamento.

6 - No genótipo 1 a cura ultrapassa os 85%, chegando aos 95%.

7 - Transplante de fígado: Todo transplantado de fígado por culpa da hepatite C tem o novo fígado atacado, de forma acelerada pelo vírus, mas os novos medicamentos permitem tratar o infectado antes ou após o transplante, conseguindo a cura em percentuais similares aos acima colocados.

8 - Coinfectados com HIV/HCV, com algumas adequações dos medicamentos antirretrovirais utilizados no tratamento do HIV apresentam possibilidade de cura similar aos monoinfectados com somente a hepatite C.

9 - Em todos os genotipos as possibilidades de cura são similares para pacientes que nunca realizaram qualquer tratamento antiviral da hepatite C como para aqueles que fracassaram a um tratamento anterior utilizando interferon em qualquer das combinações atualmente existentes.

10 - Já começam a aparecer os primeiros resultados obtidos na vida real, o que é considerado a fase 4 na segurança dos medicamentos. Esses resultados, alguns contabilizando 2.000 tratamentos, confirmam o que foi mostrado na fase três das pesquisas dos novos medicamentos na possibilidade de cura da hepatite C.
Somos testemunhas do histórico "inicio do fim" da hepatite C!



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