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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Hepatite C, doença silenciosa ou silenciada. Por quem?



Hepatite C, doença silenciosa ou silenciada. Por quem?
20/01/2014

A hepatite C é chamada da "assassina silenciosa" porque os infectados não apresentam qualquer tipo de sintomas, nem sequer o hemograma mostra a infecção, mas o vírus lentamente, num período entre 20 e 30 anos destrói a capacidade de funcionamento do fígado levando o paciente a cirrose e o câncer de fígado. Somente nesse ponto aparecem sintomas, mas já é uma situação clínica muito mais grave para o infectado.

A hepatite C atualmente mata mais que a AIDS, mas assim mesmo pouco se fala ou aparece na imprensa. Quais então são os motivos que levam a hepatite C ser "silenciada" por governos e infectados? O que falta para o governo enfrentar uma epidemia que atinge de forma crônica entre 2 e 3 milhões de brasileiros? Os motivos são variados e todos, governo, sociedades médicas, associações de pacientes e os próprios infectados tem sua porção de culpa.

A hepatite C se descoberta nas fases menos graves tem tratamento e consegue a cura em aproximadamente 70% dos tratados, mas é um tratamento complicado, com muitos efeitos colaterais e de alto custo. Um tratamento realizado de forma particular custa oitenta mil reais. O SUS com a compra centralizada consegue realizar o tratamento por menos de quinze mil reais. Considerando que os gastos com cuidados de um cirrótico, um câncer de fígado ou um transplante são muitos mais elevados, oferecer o tratamento resulta em economia para o sistema de saúde.

Os hospitais públicos estão lotados e faltam médicos especializados, existindo uma lista de espera para iniciar o tratamento. O diagnostico está sendo facilitado com a introdução de testes rápidos, mas devido à burocracia os casos positivos não são notificados e muitos dos diagnosticados não recebem o acompanhamento necessário, simplesmente são abandonados.

Em resumo, o governo tem sua parte de culpa que pode ser atribuída a dificuldade para dar tratamento a todos aqueles que são diagnosticados, situação que será revertida com a chegada de novos medicamentos, de uso oral, de curta duração e com cura superior aos 90%, mas isso é coisa para daqui a dois ou três anos. Por enquanto se compreende o porquê para o governo o melhor não é fazer muito alarde.

Mas existe outro fator que faz com que a hepatite C seja silenciada, tal vez o maior responsável, e o culpado é o posicionamento e atuação dos infectados. O Brasil possui orgulho de ter o melhor programa de AIDS do mundo e isso foi resultado da movimentação e gritaria dos infectados, era necessário dar uma resposta por parte das autoridades. Já grande parte dos infectados com hepatite C fica em silencio, sem comentar nem reclamar, sem cobrar seus direitos e como saúde pública se faz para atender demanda, se o problema não aparece, se ninguém grita, não será necessário realizar ações de saúde pública.

São populações etárias diferentes. Na AIDS os infectados eram na sua maioria jovens, já na hepatite C a maioria tem mais de 45 anos de idade. Pessoas com mais de 45 anos já estão estabelecidos na vida, na família, no trabalho, portanto não querem se expor. Por serem adultos não são revolucionários, não se manifestam, ficam em silencio em uma atitude em que simplesmente esperam que algum governante os venha salvar. Com tal atitude muito provavelmente a morte chegará antes.

Hepatite C, mas que silenciosa, silenciada.
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