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domingo, 26 de maio de 2013


Dificuldades para deslanchar o tratamento com boceprevir e telaprevir


O protocolo que regulamenta o emprego dos inibidores de proteases e a NOTA TÉCNICA CONJUNTA nº. 01/2013 - DDAHV/SVS/MS e DAF/SCTIE/MS que estabelece o Fluxo para dispensação dos inibidores da protease para tratamento da Hepatite Crônica C no SUS são realmente obras primas maravilhosas na sua intenção, mas a realidade existente na estrutura e carências dos hospitais do sistema público de saúde é bem diferente e conhecida por todos. 

Comprados o telaprevir e o boceprevir no final do ano passado pelo ministério da saúde a maioria dos estados ainda não começou a tratar os pacientes. Aplaudimos a intenção, a compra e a introdução, mas não podemos deixar de denunciar o esdruxulo fluxo e a estrutura existente nos estados e hospitais referenciados. 

Por enquanto os dois estados mais avançados no cumprimento das normas e que estão tratando pacientes com os inibidores de proteases, são Bahia e Paraná, devendo entrar nos próximos dias o Espirito Santo. 

Nos demais estados ou simplesmente ainda não existe tratamento ou somente um percentual muito pequeno dos tratamentos estimados está sendo possível de realizar. 

A promessa de realizar 5.600 tratamentos, realizando pelo menos a metade em 2013 não será possível de cumprir. É possível estimar que com muito esforço e sorte no máximo uns 1.000 tratamentos com os inibidores de proteases estarão iniciando antes do final do ano. 

Diversos problemas impedem cumprir as exigências para tratamento, seja desde a falta de farmácia de medicamentos especializados em cada hospital, a impossibilidade de manter estoque de eritropoetina e filgastrina (que deve ser adquirida pelos estados) em cada hospital reservada exclusivamente para um provável consumo de três meses para cada paciente, a não disponibilidade do sistema Horus para dispensação dos medicamentos, a falta de referencia de dermatologia atendendo nos mesmos dias e horários que o ambulatório de hepatites, ambulatórios incompletos no referente a composição da equipe multidisciplinar, etc. etc. 

Pior ainda, estamos constatando que em alguns estados os hospitais referenciados não oferecem nenhuma vaga para pacientes externos alegando que já estão totalmente lotados com os pacientes próprios. Isso resulta que nesses estados os pacientes de médicos particulares ou de unidades não referenciadas não poderão ser encaminhados aos hospitais referenciados, ficando então sem possibilidade de tratamento com os inibidores de proteases. 

O que se observa é que a realidade não corresponde com o quadro apresentado pelo ministro Padilha na última segunda-feira na Organização Mundial da Saúde: No Brasil, as ações de combate às hepatites virais são integradas às iniciativas antiaids desde 2009. Essa integração permitiu ao país utilizar o conhecimento acumulado para incrementar a resposta às hepatites virais. 

Esse e outros grandes avanços constam da divulgação do Departamento DST/AIDS/Hepatites que se encontra na integra emhttp://www.aids.gov.br/noticia/2013/brasil-e-anfitriao-de-reuniao-satelite-sobre-hepatites-virais-na-assembleia-mundial-de- 

Lamentavelmente o discurso oficial é diferente a realidade que vivenciamos no dia-a-dia no sofrimento dos pacientes por atendimento nas hepatites. 

Carlos Varaldo
www.hepato.com
hepato@hepato.com 

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