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domingo, 26 de maio de 2013


Quais as chances de apostar no futuro para os infectados com hepatite C?


A empresa "BioTrends" especializada em consultoria de mercado na área farmacêutica alerta que a maioria dos médicos que tratam a hepatite C estão criando uma espécie de "deposito de infectados" aguardando a próxima geração de tratamentos livres de interferon. 

Na pesquisa realizada com médicos dos Estados Unidos 60% responderam que estão recomendando a seus pacientes para aguardar por novos medicamentos livres de interferon para iniciar o tratamento, um número consideravelmente maior que o levantamento realizado seis meses antes, quando somente 6% dos médicos informavam estar realizando tal recomendação. 

Quando perguntados se estão satisfeitos com as opções de tratamento disponíveis atualmente, 80% responderam não e somente 20% sim, ressaltando a grande necessidade de encontrar alternativas para encontrar opções as necessidades que hoje não são atendidas com os atuais medicamentos. 

Quando perguntados com quais dos novos medicamentos já se encontravam mais familiarizados, o sofosbuvir da Gilead e o medivir da Janssen foram as principais respostas, seguido de perto pelo daclatasvir e o asunaprevir, ambos da Bristol-Myers Squibb. 

O estudo "TreatmentTrends®: Hepatitis C Virus (US), Wave 1" realizado a cada 2 anos, também constata que pela primeira vez os médicos pesquisados estão esperando tratar até 3% de pacientes infectados com os genótipos 1, 2 e 3 nos próximos seis meses utilizando medicamentos ainda não disponíveis, isto é, em ensaios clínicos e protocolos de pesquisa. 

MEU COMENTÁRIO 

Todos gostam de apostar em um futuro melhor, seja acertando na loteria ou acertando em algum medicamento que restabeleça nossa saúde, mas sempre é prudente considerar que em ambos os casos se trata de uma aposta e, que como tal podemos ganhar ou perder. 

Por favor, não interpretem o paragrafo anterior como uma posição pessimista de minha parte, pois tal qual o nome que demos ao grupo de apoio somos 100% otimistas, mas uma aposta quando referente a saúde pessoal deve ser criteriosamente estudada e avaliada. 

O médico pode informar na consulta que novos medicamentos estarão chegando, muitos livres do interferon. A informação está correta, sendo 100% acertada, o médico está falando a verdade para o paciente. Ninguém duvida que em um futuro próximo teremos opções de novos medicamentos, mas ainda ninguém pode assegurar se tais medicamentos servirão para todos os infectados ou qual será o preço desses medicamentos, pois se o custo for excessivamente elevado, coisa que eu acredito que assim seja, o seu uso ficará limitado a pacientes com alto poder aquisitivo. 

Então, o médico durante a consulta informa o panorama futuro, cabendo ao paciente, somente ao paciente, decidir se faz a aposta de aguardar o sorteio para saber se será incluído nesses novos tratamentos ou, se tenta a sorte apostando no tratamento atual, onde as chances são menores, mas são relativamente boas. 

O paciente deve decidir pelo seu caso pessoal, não pela tendência geral. Não encontro resposta para saber qual a possibilidade de alguém com cirrose ou uma fibrose muito avançada, quase uma pré cirrose, que decida aguardar, terá certeza que quando da chegada dos novos medicamentos a seu país e introduzidos no sistema público de saúde, ainda estará vivo ou em, condições de receber os novos medicamentos. 

Eu tentei nas minhas seis décadas de vida ganhar na loteria e nunca acertei, mas em 1995, nos primórdios do tratamento da hepatite C, com chances entre 7% e 10% de cura apostei no tratamento, apostei num tratamento de 21 meses com interferon três vezes por semana e ribavirina, acabei ganhando o primeiro prêmio, o da cura e, portanto, estou ainda vivo e incomodando muita gente até hoje. Se tivesse deixado para tratar na esperança da chegada do interferon peguilado, do qual naquela época já se falava nas pesquisas, muito provavelmente não teria chegado vivo. 

Quando não compramos um bilhete de loteria temos a certeza de pelo menos não perder o dinheiro se o número não for premiado, em certa forma ao deixar de gastar estamos ganhando alguma coisa, mas quando não apostamos na possibilidade de um tratamento que pode, ou não, dar resultado, estaremos sempre entre os perdedores. 

A experiência mostra que a terapia tripla pode ter mil efeitos colaterais e adversos, mas por outro lado o estudo CUPIC mostra que 40% dos pacientes mais difíceis de responder, isto é, os cirróticos nulos de resposta a um tratamento anterior com interferon peguilado conseguem a cura quando tratados com telaprevir ou boceprevir. Dados finais do estudo PROVIDE apresentados no DDW 2013 mostram 93% de cura em pacientes recidivantes a um tratamento anterior quando retratados com boceprevir. E o telaprevir em retratamento de pacientes transplantados de fígado obteve 65% de cura conforme resultados preliminares da RVS da semana 4 após o tratamento, dados apresentados no EASL 2013. 

Em fim, a decisão sempre deve ser do próprio paciente, escutando o conselho do médico e discutindo com ele a situação individual de cada caso. 

Este artigo foi redigido com comentários e interpretação pessoal de seu autor, tomando como base a seguinte fonte:
Con informaciones, en la primera parte de la materia, del Grupo de Pesquisa BioTrends - http://bio-trends.com/Products-and-Services/Report?r=trtrid1113 


Carlos Varaldo
www.hepato.com
hepato@hepato.com 

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